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28/03/12 Qua 8h17
Possível oferta recorde de milho pode derrubar preços
Nos últimos dois anos o milho vivenciou seus melhores momentos em termos de cotações. No segundo semestre de 2010, iniciou esse impulso devido à quebra de safra de trigo na Rússia em mais de 50% devido à pior seca dos últimos tempos no país. Na Ucrânia, grande produtora de milho, também sofreu com essa seca e foi obrigada a interromper suas exportações e atender apenas o mercado interno.

Nos EUA, maior produtor e exportador de milho do mundo, a quebra de safra também tem sido constante nos últimos anos. Na safra 2009/10 a mesma foi de mais de 12,00 milhões de toneladas; já na safra 2010/11, superou as 25,00 milhões de toneladas. Essas quebras têm deixado a relação estoque- consumo muito baixo, por isso as cotações tem se mantido acima de U$=6,00 por bushel na bolsa de Chicago (CBOT).

No Brasil, as cotações seguem bastante atrativos, fato este impulsionadas pela forte demanda doméstica já que aproximadamente 75% do milho produzido são destinados à ração animal: Suinocultura e Avicultura, tendo em foco a região sul que se destaca como maior consumidora de milho, sendo que, também, é a maior exportadora de carne suína e de aves no país; o Centro-Oeste, por sua vez, sobressai na produção de milho safrinha, porém quando ocorre uma super safra, tem-se uma maior oferta e os preços caem bruscamente reduzindo a margem de lucro desses produtores: estima-se no estado do MT um excedente de mais de 8,00 milhões de toneladas nesta safrinha.

No próximo dia 30, o USDA - Departamento Agrícola dos Estados Unidos divulgará o relatório de intenção de plantio nos EUA de milho e soja, o mercado vem trabalhando com uma área de 94,00 milhões acres para o milho e 75,00 milhões de acres para soja, no entanto devido a forte valorização da soja no mercado internacional nas últimas semanas, em função da quebra de safra na América dos Sul e forte demanda Chinesa, não esta descartada um aumento na  área para soja.   

Portanto, o futuro das cotações do milho no mercado interno vai depender basicamente da forte demanda doméstica para fabricação de ração animal e da exportação do excedente algo em torno de 10,00 milhões de toneladas, sendo que para exportar esse volume é fundamental que a moeda norte-americana se mantenha valorizada frente ao real, deixando assim os nossos produtos mais atrativos frente aos produtos americanos. 

O quadro abaixo mostra o volume exportado de milho do Brasil nos dois primeiros meses de 2012, comparando com temporadas anteriores.


Mês

Ano/2009

Ano/2010

Ano/2011

Ano/2012

Janeiro

1.326,062

    877,158

1.022,770

   846,905

Fevereiro

    749,453

    551,413

1.182,557

   276,560

Acumulado

2.075,514

1.428,571

2.025,328

1.123,465

Fonte: Secex
 
Diante desse cenário uma safrinha com um clima regular  pode proporcionar um rendimento de 27,00 milhões de toneladas e assim  pressionar os preços no mercado interno já no primeiro semestre.

Para o segundo semestre, a pressão baixista nos preços deve ficar por conta de um plantio recorde nos EUA que se iniciará em abril e pelo tamanho da área pode trazer uma safra próximo de 350,00 milhões de toneladas, fazendo preços recuarem em Chicago próximo de U$$=5,00 por bushel, pelo histórico um plantio até meados de abril dão sustentação nessa previsão.  

Márcio Genciano
Análises de Commodities Agrícolas
marciogenciano@bol.com.br